sábado, abril 15, 2006

A Paixão de Cristo

Ontem, a RTP1 presenteou-nos com duas doses de Cristo - uma soft, a do Franco Zefirelli e outra bem ao estilo gore, do Mel Gibson. A primeira dose estava bem enquadrada no ambiente devoto que a Páscoa cristã exige, mas a segunda tem muito que se lhe diga.
"A Paixão de Cristo", que já deu muita polémica, é no meu entender um vivo exemplo de filme para amantes do gore ou do BDSM, uma vez que retrata ao pormenor tortura e sangue. Que o tal de Cristo sofreu, já sabemos. Que a crucificação era amplamente aplicada pelos romanos aos casos de traição idem (recordemos Spartacus e outros). Que a tortura tem sido praticada pela nossa espécie aos seus semelhantes ao longo dos séculos, idem. Mas expôr essa suposta realidade do retalhar de carnes, da violência, do sangue que espirra, sem outra mensagem que não seja a do desgraçadinho...e quantos não houve e não há que sofreram e sofrem do mesmo ou pior...cheira-me a Colosseum moderno.
É certo e sabido que o Homo Sapiens é o único do reino animal que mata por matar e retira prazer do sofrimento alheio. Isso explica as elaboradas formas de tortura que inventou e os espectáculos de sofrimento e morte que atraíam tanta gente até à invenção da televisão.
Verdade seja dita, quando todos abrandam no IC19 para melhor ver o acidente ou quando um jovem de 18 anos me diz que se fez bombeiro voluntário porque lhe dá gozo andar nas ambulâncias do 112...está tudo explicado.
"A Paixão de Cristo" vale por uma coisa - é uma oportunidade de ouvir Línguas mortas, como o Aramaico e o Latim, faladas na descontração de um quotidiano. A ser verdade, é como que uma viagem ao passado.

1 Comments:

At domingo, 16 abril, 2006, Blogger Teresa Durães said...

E o próximo filme dele vai ser sobre... Fátima... Nada como um bom fanatismo agora em formato cinema.

Eu passei um maravilhoso fim-de-semana (Páscoa?) a ouvir histórias antigas de meninos traquinas que neste momento têm 70 anos. Cheiros de outras terras, Moçambique que não conheço nem pude conhecer na época (nem idade tinha para tal) em que viviam portugueses e Moçambicanos.

Um maravilhoso caril para festejar as histórias, isto tudo em terras portuguesas perto de um mar bravio.

Realmente ouvi uns sinos da Igreja mas nem liguei. Quanto à televisão, esteve desligada!

Bem vinda!

Já li tudo para trás mas cada um a seu tempo!

 

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