segunda-feira, agosto 14, 2006

Visionários


Fritz Lang, Metropolis

Charlie Chaplin, Modern Times

A arte da guerra

O valor das pequenas coisas



Foi um instante, aquele, em que abraçaste o vento e disseste que o mar era só teu: "Olha...olha! Estou a voar!"

Por vezes esqueço-me que as "pequenas" coisas têm muito mais valor do que aquelas que julgamos grandes. O quotidiano estúpido não dos dá tempo e o ego insatisfeito, cego, perdido em ninharias, desvaloriza o que de melhor pode ter a vida.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Avião militar israelita nas Lajes

Hoje de manhã dei com esta notícia: "Avião militar israelita nas Lajes".
Sempre me fez confusão o facto dos EUA possuírem uma base aérea nos Açores, embora saiba quais seriam as implicações de uma recusa por parte do Governo português em relação à manutenção da mesma. Mas, agora, a minha confusão converte-se em indignação.
Gostaria que me explicassem o significado de "material bélico não ofensivo", já que para mim todo o material bélico é ofensivo ou, quanto muito, pode vir a servir para fins ofensivos. O ser em pouca ou muita quantidade, não serve de desculpa, pois não distingo entre matar muita ou pouca gente - matar é matar. Que tristeza!

terça-feira, agosto 08, 2006

O sentido da vida

Eis a questão primordial de quem nada mais tem para fazer.
Onde está o filósofo camponês ou operário? Terão tempo e entendimento, o trolha de costados ao sol ou a mulher-a-dias num varrer de escadas contínuo? Não sei. Talvez se questionem, sim, sobre a merda de vida que levam ou talvez não. Contudo, não os imagino num cibercafé ou na doce paz do lar, seja ele barraca ou palácio, a teclar "pensamentos profundos e cheios de significado", máximas filosóficas e convicções demagógicas. Fraca imaginação a minha? Preconceito? Nem por isso. É que a luta pela sobrevivência quotidiana esgota e pouco espaço deixa para as divagações em modelo virtual ou de papel. Ora, decorrendo a minha vida sob o signo do ócio, pai de todos os vícios, deu-me para pensar e concluir a "lógica da batata", armada em filósofa de "trazer por casa": qual é o sentido da vida? A resposta, a minha resposta, é esta: o sentido da vida é o meu, o teu, o vosso, o que cada um lhe quiser dar se para isso tiver vontade, imaginação, possibilidade. Aqui não há colectivos, nem dogmas, lamento. O sentido da vida é uma questão pessoal, sujeita à conjuntura do momento e momentos há em que não lhe vejo, não lhe vemos, qualquer sentido e todos os possíveis. Não careço dos "existencialistas" para chegar a esta conclusão. Basta-me ser.
Podia ficar por aqui, neste exercício de pensamento ocioso, mas apetece-me ir mais longe. Apetece-me ainda questionar essa outra enorme perda de tempo que é o tentarmos mostrar aos outros que a nossa vida faz imenso sentido ou nenhum ou ainda mais do que um. Escusado! O sentido da (nossa) vida não carece de confirmação ou conivência...está absolutamente dentro de nós e tudo o mais é mera dialéctica (como esta).
O que dizer do sentido da vida alheio? Do tal trolha, da tal mulher-a-dias ou, em extremo, do rapazinho que fica amputado ou orfão em guerras por sentidos da vida que não os seus? Poderá o meu sentido da vida passar pelo deles também? Poderemos todos nós fazer com que a vida tenha sentido, não apenas para alguns, mas para todos? Certamente que sim. Mas não é com filosofias, poesias e exercícios afins, promovidos pela comodidade ociosa, que chegamos lá.

Narciso

Narra o mito que o belo Narciso se consumiu na adoração da sua própria imagem, acabando por morrer. Definiu-se, assim, desde a Antiguidade Clássica e em linhas muito simples, um tipo de personalidade centrada no ego e desfazada de toda e qualquer empatia pelo semelhante. Mas o "narciso" não se basta a si mesmo ao contrário do que possamos pensar, pois precisa de espelhos que reflictam a imagem que tem de si mesmo e que não tem de ser necessariamente física. Aceita, pois, o outro e apenas na condição de que este cumpra a função de reflexo.
O que dizer, então, se ao "narciso" se juntar uma boa dose de histrionismo? O resultado é qualquer coisa como um ser egocêntrico, pejado de teatralidade e propensão para o drama, cujo fim último é atraiar as atenções sobre si próprio.
Muitos criativos e (pseudo)intelectuais enfermam deste mal, semeando a confusão entre os desprevenidos, os compreensivos-ingénuos e até mesmo entre os indiferentes, que lhes acabam por achar piada. Situo-me nestes últimos.

domingo, agosto 06, 2006

Rapariga Com Brinco de Pérola


Decididamente este é o mês das minhas revisões cinéfilas. Noite dentro, com a calma a que o calor sempre me obriga, lá vou eu à estante e faço uma escolha. Desta vez optei pela "Rapariga com brinco de pérola", de Peter Webber (2003), um belíssimo filme baseado no romance de Tracy Chevalier sobre o famoso quadro do pintor holandês Johannes Vermeer(1632-75).
A ficção não tira qualidade nenhuma ao filme, ele próprio jogo de luz, onde sobressaiem os interiores que Vermeer tanto gostava de pintar. O atelier do artista, a sua crise de inspiração e a cumplicidade com a jovem criada, à qual ensina a preparar as tintas e que sacrificará a sua orelha ao brinco de pérola, reportam-nos ao que poderá ter sido o "momento criativo".
Nota: suave; sem os excessos do Barroco; próprio para mentes impressionáveis.

sexta-feira, agosto 04, 2006

O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante

De tempos a tempos gosto de rever este filme de Peter Greenaway e faço-o com o mesmo espírito de quem olha para uma daquelas pinturas intemporais, cujas pinceladas surpreendem sempre apesar de já as termos visto milhentas vezes.

O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante(1989) não vale tanto pela trama que se fosse noutros cenários, passaria por uma história banal rematada com um final algo chocante. Aliás, o realizador disse-o claramente: "Se você quiser contar histórias, seja um escritor e não um cineasta". O que torna este filme tão arrebatador são as suas metáforas visuais, feitas de sequências de "quadros", cores simbólicas, movimento e sonoridades estranhas. É que Greenaway, antes de passar para o cinema, dedicou-se a tempo inteiro à pintura, "A única arte que me ensinou algo...". Vale a pena, para desintoxicar os olhos e o espírito de blockbusters.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Apocalypto

Está prevista para Dezembro a estreia de mais um filme com a assinatura de Mel Gibson. De um Cristo ao estilo gore, espirrando sangue ao som do latim e do aramaico (o que sabe sempre bem, até porque gostar de História e de ver acidentes no IC19 não é incompatível), saltamos para uma civilização Maia em decadência e com muito mais massacres. Confesso-me desejosa de lhe pôr a vista em cima e não apenas por gostar de emoções fortes, daquelas que as rápidas sequências de imagem, efeitos especiais e som surround nos proporcionam, mas mais pela oportunidade de ouvir uma língua morta e desta feita a Maia (promessas, promessas!). Seja como fôr, se tiver "gafes" históricas vou-me enervar e ficar à beira da "travadinha" como aconteceu quando vi "O Gladiador" (que não é do Gibson, eu sei). Bom, a ver vamos! Aqui fica o resumo virtual e o endereço do site, que as produtoras não brincam em serviço.

Apocalypto, site oficial

quarta-feira, agosto 02, 2006

Entretantos...a guerra

Numa qualquer parte do mundo ela acontece. Numa certa parte do mundo ela é quase permanente e visível. Quem não sabe é como quem não vê e o faz de conta não é pra mim uma forma de estar. Mesmo de férias - as tais férias ocidentais, embora muito pouco burguesas - fui deitando o olho às notícias e, sem querer ser pessimista, concluí que depois do Líbano virá a Síria e o Irão que se ponha pau, com ou sem armas nucleares (o Iraque tinha armas biológicas, pois tinha!). A hegemonia americana no Médio Oriente é um facto que a pouco e pouco se desenha, com o devido apoio de alguns Estados como a Arábia Saudita ou a tal de Israel expansionista, tão esquecida do Holocausto e tão à vontade em termos de "fugas" ao direito internacional. Em certa medida e embora não aceitando, compreendo o dito Terrorismo...mas o gigante continua imperturbável.

A inauguração do mais estratégico oleoduto do mundo tem muito que se lhe diga neste novo conflito no Médio Oriente. O que faremos? Nada. O que podemos fazer? Muito pouco. Não é realmente ao povo que cabe as decisões. Hoje, como antes, quer por razões geo-estratégicas, quer por acesso a recursos susceptíveis de promover a acumulação de riqueza, as guerras justificam-se pelos interesses de uma minoria.


Entretantos

Por um instante, mais ou menos longo, quebramos o ciclo rotineiro de que é composta a nossa existência sedentária. Respiramos fundo e dizemos alegremente: " Vou de férias...é já amanhã...ou depois!" E vamos, partimos ou simplesmente ficamos, mas mais aliviados em todo o caso porque nas Caraíbas ou na nossa casa, o que conta é que haja algo que marque a diferença - um despertador que deixa de tocar; ritmos que mudam; outras paisagens, porque não?!

Este ano fui até ao litoral alentejano, o que já vai sendo uma tradição. Com poiso certo em Vila Nova de Milfontes, dei-me a um luxo de mar azul, escarpas e dunas virgens. Os anos passam e poucas alterações vamos notando, felizmente. Nada de aparthotéis medonhos, nem de menus riscados em inglês à porta dos restaurantes...só casario branco, alinhadinho, com o seu debruado azul ou amarelo. A "minha praia" estava como eu a esperava - manhã cedo, maré vazia, paisagem quase lunar e desprovida de gentes. Ali respirei fundo e ouvi o silêncio que, mais tarde, colmatei com o estalar do peixe grelhado na brasa. Uma certa manhã apanhei tanto mexilhão com a minha filha mais nova, que ao cair da tarde houve banquete, devidamente apurado pelo "maitre" da família com tomate e pimentos...enfim, nada de Internet, nada de hipnotismos televisivos, nada de estufados ou "comida de plástico". Leituras? Entretenimentos? Claro! Palavras Cruzadas e revistas estrangeiras, porque já nem na Visão consigo pegar de tão corriqueira!

Faltam as imagens, eu sei! Tirei-as aos montes e devidamente estudadas, mas só na próxima sexta-feira as terei prontas. Só ontem a cara-metade, num repente, se lembrou: "Vamos comprar esta máquina digital?". Agora é que vai ser! As férias ainda não acabaram, ora pois! Estou nos entretantos.