sábado, abril 15, 2006

Páscoa

Mais um evento no calendário religioso ao qual não ligo nenhuma e por uma razão muito simples: não sou nem cristã, nem católica. Embora a separação Igreja/Estado tenha sido determinada em 1911, continuamos inexplicavelmente a incluir no calendário oficial festividades estritamente religiosas, com direito a feriado nacional. Para explicar melhor esta incongruência não me contenho que não poste aqui o seguinte:
"Artº 4º- A República não reconhece, não sustenta nem subsidia culto algum; e, por isso, a partir do dia 1 de Julho de 1911, serão suprimidos, nos orçamentos do Estado, dos corpos administrativos locais e de quaisquer estabelecimentos públicos, todas as despesas relativas ao exercício dos cultos." Lei de 20 de Abril de 1911.
Bom, conceder feriado na Sexta-feira (dita santa), mais uma tolerância de ponto da Quinta-feira é o quê? Subsídio indirecto? Mas eu sou suspeita nestas coisas de religião... em especial quando dei com a trasladação da Lúcia (a dos Pastorinhos de Fátima) a ser transmitida em directo pelos 3 canais nacionais. É que fiquei com a sensação de que devia converter-me, sob pena de ficar à margem, do não fazer parte do grupo. Adiante, que a Páscoa é mais do que um "mea culpa" com pena do Salvador.
A Páscoa é sobretudo uma excelente altura para gastar mais uns dinheiritos nos tais ovos de chocolate, embrulhados em papel brilhante e piroso; nas amêndoas "tipo francês" confeccionadas por atacado (já existem as light? não sei) e num borrego ou cabrito manhosos, a preço de saldo. Tudo isto "ao seu dispôr num hipermercado próximo de si".
Ok, estou a desprezar a tradição. Que seria do povo português sem estas "tradições"? Que pretextos arranjaria para espairecer, conviver em família? Muito poucos. Siga a novela.