quarta-feira, julho 05, 2006

Noite de Núpcias, à romana

A primeira noite matrimonial já não é o que era. Antigamente, as jovens esposas tomavam conhecimento dos seus deveres conjugais muito próximo do casamento e a virgindade, zelozamente guardada pela família, era perdida apenas na alcova nupcial. Havia variações, claro está, mas a excepção não confirmava a regra.
Hoje em dia as coisas processam-se de outra maneira, salvo, bem entendido, entre povos embrutecidos por fundamentalismos religiosos ou tradições arcaicas. As noivas já não são aquelas pombas de inocência e pureza (embora muitas ainda teimem em ir de branco até ao altar), pois o assunto foi rapidamente resolvido por um coleguinha de escola ou pelo futuro legítimo no banco traseiro do carro, na cama dos pais e por aí fora.
A noite de núpcias perdeu a sua magia e não fosse o glorioso esforço das agências de viagens, com os seus criativos pacotes de lua-de-mel a Porto Galinhas ou à Tunísia, os esposos pouco teriam para recordar. De recordações é que não se livrava a esposa romana, nos bons e devassos tempos do Império, onde a necessidade favorecia o engenho, conforme nos conta o historiador Paul Veyne:

A noite de núpcias desenrolava-se, bem entendido, como uma violação legal e a esposa saía dela "ofendida contra o seu marido" (que habituado a usar as suas servas escravas, não sabia distinguir entre a iniciativa e a violação); na primeira noite acontecia habitualmente que o novo esposo se abstinha de desflorar a mulher, por respeito para com a sua timidez; mas, nesse caso, tinha a compensação...de a sodomizar: Marcial e Séneca Pai dizem-no proverbialmente...
História da Vida Privada, vol.I, p.47

3 Comments:

At quarta-feira, 05 julho, 2006, Blogger Teresa Durães said...

Epá!!! Dessa não sabia eu!!! lololol

 
At quinta-feira, 06 julho, 2006, Blogger Maeve said...

contra-luz, de facto um dos tais boatos sobre Cléopatra refere que ela era excelente no tal "Meriochane". A ser verdade não era nada de mais para aqueles tempos, bem mais liberais em matéria de práticas sexuais do que os nossos. De qualquer modo havia bons motivos para a denegrir: era mulher, rainha e exerceu uma grande influência na política romana por via de Júlio César e Marco António. Outras mulheres que se destacaram ao longo da História em "terreno de homens", a política, foram invariavelmente consideradas lascivas e imorais.
Fico por aqui. Obrigada pelo teu comentário.

 
At sexta-feira, 14 julho, 2006, Blogger Maeve said...

Com um grave atraso, divulgo : Meriochane= brochista.

 

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