terça-feira, agosto 08, 2006

O sentido da vida

Eis a questão primordial de quem nada mais tem para fazer.
Onde está o filósofo camponês ou operário? Terão tempo e entendimento, o trolha de costados ao sol ou a mulher-a-dias num varrer de escadas contínuo? Não sei. Talvez se questionem, sim, sobre a merda de vida que levam ou talvez não. Contudo, não os imagino num cibercafé ou na doce paz do lar, seja ele barraca ou palácio, a teclar "pensamentos profundos e cheios de significado", máximas filosóficas e convicções demagógicas. Fraca imaginação a minha? Preconceito? Nem por isso. É que a luta pela sobrevivência quotidiana esgota e pouco espaço deixa para as divagações em modelo virtual ou de papel. Ora, decorrendo a minha vida sob o signo do ócio, pai de todos os vícios, deu-me para pensar e concluir a "lógica da batata", armada em filósofa de "trazer por casa": qual é o sentido da vida? A resposta, a minha resposta, é esta: o sentido da vida é o meu, o teu, o vosso, o que cada um lhe quiser dar se para isso tiver vontade, imaginação, possibilidade. Aqui não há colectivos, nem dogmas, lamento. O sentido da vida é uma questão pessoal, sujeita à conjuntura do momento e momentos há em que não lhe vejo, não lhe vemos, qualquer sentido e todos os possíveis. Não careço dos "existencialistas" para chegar a esta conclusão. Basta-me ser.
Podia ficar por aqui, neste exercício de pensamento ocioso, mas apetece-me ir mais longe. Apetece-me ainda questionar essa outra enorme perda de tempo que é o tentarmos mostrar aos outros que a nossa vida faz imenso sentido ou nenhum ou ainda mais do que um. Escusado! O sentido da (nossa) vida não carece de confirmação ou conivência...está absolutamente dentro de nós e tudo o mais é mera dialéctica (como esta).
O que dizer do sentido da vida alheio? Do tal trolha, da tal mulher-a-dias ou, em extremo, do rapazinho que fica amputado ou orfão em guerras por sentidos da vida que não os seus? Poderá o meu sentido da vida passar pelo deles também? Poderemos todos nós fazer com que a vida tenha sentido, não apenas para alguns, mas para todos? Certamente que sim. Mas não é com filosofias, poesias e exercícios afins, promovidos pela comodidade ociosa, que chegamos lá.

9 Comments:

At terça-feira, 08 agosto, 2006, Blogger Frioleiras said...

O sentido da Vida, minha Querida, passa também pela Família ... A felicidade talvez seja: "Quem não vive como pensa, acaba por pensar como vive ... Pouco ou nada poderemos fazer para salvar o mundo do ser humano que tudo destroi, e que é o maior inimigo de si próprio... assim sendo, a única possibilidade é conseguirmos CARPE DIEM !

 
At terça-feira, 08 agosto, 2006, Blogger Kaos said...

Vim agradecer a visita e as simpáticas palavras e acabei por encontrar um belo "verbum" nesta blogosfera. Gostei e vou fazer um link porque espero voltar mais vezes.
Obrigado

 
At quarta-feira, 09 agosto, 2006, Blogger Teresa Durães said...

O meu sentido da vida deve ter-se perdido no meio da papelada da faculdade que deixei num eco-ponto porque assim que terminei o maldito curso a que me propus entrei numa crise existêncial (que já deveria ter mas foi adiada) e nunca mais saí. Assim, mergulhei no non ami Camus, amigo de cabeceira desde os malfadados 15 anos, anos esses em que devo ter batido com a cabeça em algum sítio (que a minha adolescência foi tardia mas veio violenta) e passei a tentar descobrir este insondável absurdo da condição humana.

Passo a informar que até agora as buscas foram infrutoríferas. Pior, conclusivas da pior espécie. Por isso deixei em aberto a derrareira conclusão (a tal esperança que nunca morre).


Assim sendo, uso a poesia e romances para projectar a minha mente num futuro próximo e ilegível à minha mente racional mas talvez aberto à emotividade de modo a perpcecionar melhores esperanças.

Atentamente e esperançosamente

 
At quarta-feira, 09 agosto, 2006, Blogger Teresa Durães said...

P.S. Nunca me dei ao trabalho de mostrar a ninguém que a minha vida faz sentido, pelo contrário.

Deste modo, afugento qualquer ser vivo lolololololol

 
At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Blogger Maeve said...

carpe diem, friolerias. Sim, a família pode ser um sentido para a nossa vida (para mim é), mas outros terão o seu.

 
At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Blogger Maeve said...

Teresa, e não estará aí um sentido da vida, da tua vida?:)

 
At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Blogger Teresa Durães said...

afugentar ou escrever? :P

 
At sábado, 12 agosto, 2006, Blogger SAM said...

Existem várias fontes de sentido para a vida...

Frankl dizia que podemos encontrar o sentido numa acção, num trabalho ou numa criação artística (como a Teresa menciona) ou pela relação e vivência de amor (e outras manifestações de amor) ou através do sofrimento (encontrar sentido no sofrimeno é a maior prova que podemos encontrar sentido nas coisas).

Por isso, acho que estamos todos no bom caminho!

 
At sábado, 05 julho, 2008, Anonymous Anónimo said...

É muita luta que se tem, na tentativa de se ser feliz ou saber se ela existe. somos seres intelectuais que vivemos mais a imaginação que a relalidade. dessa forma, creio eu, que a tão almejada felidade é tão mais fruto de uma imaginação que real. é uma deiposição mental positiva

 

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