segunda-feira, outubro 09, 2006

Gerir o tempo

Hoje ensinamos miúdos de 11 anos a gerir o tempo. Pegamos em fichas intituladas "O meu horário semanal" e toca de as preencher: " Ora mete lá o horário das aulas, das refeições, da Natação, do Inglês que tens por fora, mais o tempo para os "Morangos com Açucar" e para curtires no MSN...encaixa aí uma horita por dia para os TPC e revisão da matéria dada...e não esqueças os fins-de-semana que também contam." Repetimos a lengalenga aos de 12, 13, 14, 15 anos e por aí fora. Organiza-te! Tens horários! Disciplina-te! A que horas te deitas? Onde estão os teus pais? "Stôra, a minha mãe só chega às 8h da noite...jantamos perto das 9 horas...se a stôra diz que a hora do deitar deve ser no máximo às 10h como faço?"

No meu tempo nada disto acontecia. Mas o meu tempo é outro, já lá vai. Aprendi muito e sem fichas de "O meu horário semanal" e hoje, mesmo com elas, quase nada se aprende.

Vejo a confusão deles, dos pequenos. Com a mesma idade ligava eu ao tempo!!! Tudo fluia com naturalidade.

Evasão.

2 Comments:

At quarta-feira, 01 novembro, 2006, Blogger Teresa Durães said...

criam-se robots...

 
At sábado, 18 novembro, 2006, Blogger Jorge P. Guedes said...

Pelos vistos somos professores.
Sendo assim, boa tarde, colega!

A vida dos miúdos de hoje é bem complicada. Os pais estão com eles escassas horas durante o dia, a instituição "AVÓS" já não existe. Os de hoje trabalham também.
Depois de 7 e 8 horas metidos entre as grades de uma escola, com regras para cumprir, sem os adorados por nós "furos"pois agora têm aulas de substituição, o que se espera que façam quando chegam finalmente a casa, onde se manterão sozinhos até que os pais cheguem? Que façam os T.P.C. ou que revejam as matérias dadas nas aulas?
A vida das pessoas mudou, a família vive hoje partida, muitos pais vivem o drama de não terem tempo para os filhos; outros destituem-se desse papel, deixando-nos a nós, professores maltratados e desprezados, mais esse papel, o de fornecermos a seus filhos o lastro da educação, que dantes já vinha de casa.

Jorge G - Professor de 53 anos e um eterno estudante.

 

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