terça-feira, novembro 06, 2007

Desemprego

O termo é forte e atinge profundamente quem passa por essa realidade. Os que nunca a viveram entendem que é coisa que apenas calha aos outros ou, quanto muito, poderá ser uma realidade longínqua a considerar. Os mais desconhecedores do mundo em que vivemos poderão ainda pensar - os desempregados não fizeram as opções correctas na devida altura ou, talvez, sejam mesmo incompetentes e por isso mesmo lhes coube o serem excluídos da sociedade realmente activa e produtiva. Será que não tiveram "primos", "amigos"?!
Eu vejo o tudo isto de uma outra forma. Eu vejo tudo isto na primeira pessoa, porque me tocou a mim, mas não no singular. A percepção do outro enquanto indivíduo, ser humano meu semelhante, esteve sempre presente nos bons e maus momentos. Não é, de todo, essa a sociedade que tivemos ao longos dos tempos, nem agora - a sociedade humanista. Houve alguns movimentos ditos intelectuais nesse sentido e ainda os há, mas são minorias. A natureza humana é predadora, egocêntrica e previlegia o bem estar individual tendo como meta a riqueza por oposição à pobreza, o eu tenho e logo sou mais em face dos que nada têm. Luta de classes? A desigualdade como fonte de poder e confirmação do mesmo. É histórico este princípio.
Seja como for estou desempregada. O estigma é grande. Se vivesse numa qualquer aldeia longínqua onde a civilização ocidental ainda não tivesse chegado, seria feliz na minha tanga e no quotidiano simples em que o subsistência apenas depende da relação homem/natureza!