sexta-feira, maio 23, 2008

OPAAFTF-2ª Parte e última

Foram 3 meses de "formação" teórica de má qualidade. A minha turma ficou assinalada como inconveniente. Nada de mais. Segundo palavras da assistente social (há 3 anos a recibos verdes), os activos qualificados são detestados no centro de formação. Porque será? Como professora sei ver quando um formador está ou não preparado para dar a sua aula, se sabe do que está a falar, se investe naquilo que está a fazer, se tem preparação pedagógica. Escaparam uns 2 formadores, porque o resto foi o descalabro!
Arrastei-me, diariamente, para perder o meu tempo e até à data nem sei bem definir o que andei ali a fazer. Mas, todo o mal fosse esse. O que se seguiu foi ainda pior - o estágio.
Os estágios nada mais são que um fornecimento de mão-de-obra gratuita às organizações. Dizem os vendedores da banha da cobra, vulgo toda essa gente que anda comer à conta destes cursos da treta, que os estágios têm por objectivo último que o estagiário seja contratado pela empresa que o acolhe. A realidade é outra.
Fui parar à FDTI - Fundação para a Divulgação das Tecnologias da Informação. Um nome de peso, sem dúvida, mas de resto... Nem o coordenador do meu curso se tinha dado ao trabalho de reunir com quem me iria receber, para explicar os objectivos do estágio e estabelecer um plano; nem a entidade que me recebeu se preocupou minimamente em se inteirar de fosse do que fosse. Simplesmente fui posta como auxiliar administrativa. Durante um mês atendi pessoas, passei chamadas e arranjei lombadas de arquivadores. É claro que, com jeitinho, lá tentei explicar que não era bem para isso que eu estava ali, que era suposto eu envolver-me na formação, que tinha um projecto para apresentar, etc, etc. A resposta teve piada (na altura não achei): "Quando você está a dar aos clientes a informação sobre os preços dos cursos, está a fazer planificação da formação."
Um mês disto e lá fui ao "meu" coordenador de curso, dizer que aquilo não estava correcto e que ia contra o estabelecido no contrato de formação. O homem ficou muito incomodado...que era um problema enorme estar a mudar um estagiário de sítio, que caía mal. A coisa lá se resolveu, mas muito custo. Acabei por ir parar a uma instituição mais simpática, embora totalmente falida, onde realmente planifiquei e dei formação. Mas mesmo assim não aprendi nada de novo, pois limitei-me a aplicar o que já sabia.
Tudo terminou a 14 de Maio. Estou livre, finalmente! Sinto um alívio enorme. Curiosamente não faço a mínima ideia da nota que tive. Não sei que classificação foi atribuída ao meu projecto final e desconheço uma boa parte das notas que eventualmente terei tido nalguns dos módulos teóricos do curso. Nem eu sei, nem ninguém daqueles que gramaram isto comigo. Não nos foi entregue qualquer certificado, pois o coordenador do curso disse que não tinha tempo, nem conhecia o modelo...talvez dali a uns 15 dias o tivesse pronto.
Resta acrescentar que falei com uma amiga, que trabalha no Ministério do Trabalho e que, curiosamente, participa nas auditorias aos centros de formação do IEFP. Por acaso nunca tinha dado conta desta enorme incompetência...(devo rir ou chorar?!).
Bom, já passou. Saí do limbo. Só lamento que muitos outros sejam enviados para este e outros cursos sem sentidoe apenas para garantir os salários daquela gente e aliviar as estatísticas do desemprego.